Educação: a arte de confeccionar bonecas de pano

As bonecas atravessam épocas e civilizações. A boneca mais conhecida no Brasil é chamada de “bruxinha de pano”, de fabricação caseira. Tornou-se com o passar do tempo, uma marca forte de arte popular e do folclore. Trata-se hoje de uma arte familiar, passada de mãe para filha, perpetuada no tempo.

O que era comum na década de 30 em vários municípios brasileiros, a tradição de confeccionar bonecas de pano, praticamente sucumbiu com a chegada do rádio, da tevê e da internet. Atualmente, nos deparamos com inúmeras distorções quanto à oferta de bonecas para crianças, pois, as mais vendidas não representam crianças, mas sim adultos. Por outro lado os materiais sintéticos (plásticos, borrachas, etc) que são utilizados na construção dessas bonecas, não estimulam as forças da fantasia da criança, eles não existem na natureza, por isso são frios, e ainda não oferecem nenhum valor construtivo para o desenvolvimento infantil. Como educadores e pais, devemos nos questionar: O que pretendemos com as nossas crianças, e que valores queremos transmitir a elas? Qual a verdadeira função do brinquedo? Quais critérios escolhemos para presentear nossos filhos?

Pensando em todas estas questões e ao mesmo tempo buscando resgatar a identidade e estabelecer parcerias, direção e professores da Escola Honorata Freitas, da comunidade da Barranca em Pescaria Brava, em conjunto com extensionistas da Epagri, realizaram uma oficina de bonecas de pano com o grupo organizado de mulheres da comunidade e mães de alunos, acreditando estimular a ludicidade a valorização de práticas manuais e ainda proporcionando encontro de saberes.

As mulheres do grupo se envolveram com a criação voltando ao seu tempo de infância. Fizeram bonecas (os) usando toda sua criatividade e imprimindo as peculiaridades locais. No final presentearam a Escola com suas produções e, além disso, se dispuseram a colaborar com a extensionista  Noeli Pazetto da Epagri a realizar a oficina com os alunos.

Para a diretora Giseli da Silva, “foi um momento indescritível, um encontro de gerações onde foi compartilhado o aprendizado, sentimentos e a imaginação que tomou conta do ambiente. A satisfação ficou eminente em todos os presentes”, disse ela.

Já a professora Raquel Fernandes, professora do 4º e 5º anos, acredita que os alunos vivenciaram  uma experiência encantadora.

“Fazer seu boneco (a) escolhendo tecidos, enchendo, preparando a roupa, separando adornos e todos os detalhes até verem suas bonecas (os) prontas e servirem de inspiração e motivação para a aprendizagem, foi realmente muito gratificante”, enfatizou Raquel.

A professora Daiane Kniess, acredita que por estarmos vivendo um mundo consumista, onde todos os dias surgem brinquedos inovadores e cheios de recursos tecnológicos, a oficina de bonecas, despertou o interesse das crianças pela criação do seu próprio brinquedo.

“Com carinho, dedicação, criatividade, materiais de baixo custo e reciclagem foi possível construir um lindo brinquedo”, acrescentou.